terça-feira, 14 de setembro de 2010

Achei super legal e queria compartilhar com vocês

Bom,achei isso na internete proucurando textos reflexivos,e achei bem legal e gostaria de compartiliar com vocês.Parece uma coisa nada ver mais é muito interessante ainda mais o final.
Bjks e espero que goste

A VIDA É BELA

Um telefone toca num fim de tarde, começo de noite.
- Alô?
- Pronto.
Ele - Ih, que voz estranha... tá gripada?
Ela - Faringite.
Ele - Deve ser o sereno. No mínimo tá saindo todas as noites prá badalar.
Ela - E se estivesse? Algum problema?
Ele - Não, imagina! Agora, você é uma mulher livre.
Ela - E você? Sua voz também está diferente. Faringite?
Ele - Constipado.
Ela - Constipado? Você nunca usou essa palavra na vida.
Ele - A gente aprende.
Ela - Tá vendo? A separação serviu para alguma coisa.
Ele - Viver sozinho é bom. A gente cresce.
Ela - Você sempre viveu sozinho. Até quando casado só fez o que quis.
Ele - Maldade sua, pois deixei de lado várias coisas quando a gente se casou.
Ela - Evidente! Só faltava você continuar rebolando nas discotecas com as amigas.
Ele - Já você não abriu mão de nada. Não deixou de ver novela, passear no shopping, comprar jóias, conversar ao telefone com as amigas durante horas...
Ela - Comprar jóias? De onde você tirou essa idéia? A única coisa que comprei em quinze anos de casamento foi um par de brincos.
Ele - Quinze anos? Pensei que fosse bem menos.
Ela - A memória dos homens é um caso de policia!
Ele - Mas conversar com as amigas no telefone...
Ela - Solidão, meu caro, cansaço... Trabalhar fora, cuidar das crianças e ainda preparar o jantar para o HERÓI que chega a noite... Convenhamos, não chega a ser uma roda-gigante de emoções...
Ele - Você nunca reclamou disso.
Ela - E você me perguntou alguma vez?
Ele - Lá vem você de novo... As poucas coisas que eu achava que estavam certas... Isso também era errado?!
Ela - Evidente, a gente não conversava nunca...
Ele - Faltou diálogo, é isso? Na hora, ninguém fala nada. Aparece um impasse e as mulheres não reclamam. Depois, dizem que faltou diálogo. As mulheres são de Marte.
Ela - E vocês são de Saturno!
Silencio...
Ele - Mas e aí, como vai a vida?
Ela - Nunca estive tão bem. Livre para pensar, ninguém prá me dizer o que devo fazer...
Ele - E isso é bom?
Ela - Pense o que quiser, mas quinze anos de jornada são de enlouquecer qualquer uma.
Ele - Eu nunca fui autoritário!
Ela - Também nunca foi compreensivo!
Ele - Jamais dei a entender que era perfeito. Tenho minhas limitações como qualquer mortal...
Ela - Limitado e omisso como qualquer mortal.
Ele - Você nunca foi irônica.
Ela - Isso a gente aprende também.
Ele - Eu sempre te apoiei.
Ela - Lógico. Se não me engano foi no segundo mês de casamento que você lavou a única louça da tua vida. Um apoio inestimável... Sinceramente, eu não sei o que faria sem você!!! Ou você acha que fazer vinte caipirinhas numa tarde para um bando de marmanjos que assistem ao jogo da Copa do Mundo era realmente o meu grande objetivo na vida?
Ele - Do que você esta falando?
Ela - Ah, não lembra?
Ele - Débora, eu detesto futebol.
Ela - Débora?! Esqueceu meu nome também? Alexandre, você ficou louco?
Ele - Alexandre? Meu nome é Ronaldo!
Silencio...
Ele - De onde está falando?
Ela - 578-9922
Ele - Não é o 579-9222?
Ela - Não.
Ele - Ah, desculpe, foi engano.
Os dois caem na gargalhada.
Ele - Quer dizer que você faz uma ótima caipirinha, hein?
Ela - Modéstia a parte... Mas não gosto, prefiro vinho tinto.
Ele - Mesmo? Vinho é a minha bebida preferida!
Ela - E detesta futebol?
Ele - Deus me livre... 22 caras correndo atras de uma bola... Acho ridículo!
Ela - Bem, você me dá licença, mas eu vou preparar o jantar.
Ele - Que pena... O meu já esta pronto. Risoto, minha especialidade!
Ela - Mentira! É o meu prato predileto...
Ele - Mesmo? Bem, a porção dá prá dois, e estou abrindo um Chianti também. Você não gostaria de...
Ela - Adoraria!
Ele dá o endereço.
Ela - Nossa, tão pertinho! Sao dois quarteirões daqui.
Ele - Então? É pegar ou largar.
Ela - Tô passando aí, Ronaldo.
Ele - Combinado, vizinha.

(Luiz Fernando Veríssimo)

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